BOM! BONZINHO NUNCA!
Outro dia alguém me perguntou qual é o
limite, a referencia “basta”, para o mandamento de fazer aos outros o
que queremos que os outros nos façam.
Sim, porque fazer incansavelmente à mesma pessoa o bem que gostaríamos
de receber dela, e receber de volta apenas e tão somente o oposto, pode
fazer com que o outro (o que recebe apenas o bem) se vicie no fato que
de nossa parte só vem a mansidão; e, assim, se torne adoecidamente
mimado, abusivo, injusto, e até perverso.
Nesse caso, aquele
que continua infinitamente a tratar a pessoa daquele modo como gostaria
de ser tratado, pode, inconscientemente, desenvolver a doença da
bondade, que é a manifestação de uma bondade que não sabe fazer o bem,
mas apenas a “bondade”, a qual, sendo recebida por um ser abusivo, pode
receber dele a reação que a pouco descrevi; e, naquele que é o ser da
bondade, desenvolver uma “bondade adoecida”, posto que se torna
co-dependente do outro-abusivo, e insiste em si mesma como “bondade”,
apenas porque já não sabe viver sem ser sob o abuso.
Nesse
caso, o que se deveria de melhor desejar a nós mesmos é que qualquer um
que nos visse nesse estado de prática de abusividade contra o próximo,
nos confrontasse, e nos acordasse para o fato que quem vive assim é
doente e se torna perverso. Por isso, eu também esperaria que tal pessoa
me tratasse com a necessária energia, pois, não desejo ficar doente de
alma.
De fato, por onde quer que você olhe para esse mandamento
do amor ordenado por Jesus, fica claro que ele não incita aos
romantismos da bondade adoecida. Ao contrário, ele nos manda pensar o
que seria o bem, e não o que seria “gostoso”.
Portanto, ele nos põe na vereda da propriedade e da pertinência em todas as coisas.
Nessa medida existencial ensinada por Jesus cabe o resposta-proposta
certa para cada situação da vida, isso se se tem em mente o bem, e não
os estereótipos de “bondade”.
Se alguém, por exemplo, trás essa
questão para a dimensão conjugal, é inevitável deixar de pensar que os
homens que traem suas esposas deveriam imaginar e se colocar na posição
de quem vê a sua mulher sendo “devorada e traçada” pelo patrão ou por um
colega de trabalho, isso a fim de saber se querem ser tratados conforme
estão tratando as suas esposas.
Não é preciso haver moralismos
de nenhuma natureza quando se tem essa medida do mandamento do amor
ensinado por Jesus. Literalmente ele trás à existência tudo o que é bem e
bom, e com toda a propriedade e pertinência; pois, sua aplicabilidade é
ilimitada.
Esse mandamento de Jesus não gera seres tristemente bonzinhos, mas seres humanos fortemente bons.
Na realidade é para essa “uma só coisa” que Jesus faz o Evangelho
inteiro se fazer condensar. Daí procedem todos os caminhos da vida, e
nada que não nasça aí é realizador do bem em sua total propriedade.
Quem alcança tal disposição mental em todos os níveis da vida, sendo
capaz de ver tudo, o tempo todo, com tais olhos, esse chegou na estatura
do varão perfeito.
Essa deveria ser uma ambição de
entendimento que todos nós deveríamos buscar. Afinal, fora de tal modo
de ver a todas as coisas, o que sobra é apenas a militância nas leis do
ódio e da vingança; ou então, cria a “bondade ineficaz”, e que gera
seres passivamente bonzinhos, e que nada produzem de mudança em si
mesmos e no mundo.
A Humanidade que o diga!
Caio
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