Política Externa




Bernardo Sorj e Sergio Fausto 

Para entender melhor o atual papel do Brasil na América do Sul é necessário ter em conta diferentes percepções e expectativas mútuas. Nos últimos dez anos, o relacionamento entre o Brasil e outros países sul-americanos mostrou duas características principais: a crescente importância da região no discurso do governo brasileiro e uma série de iniciativas ocasionais. Ao mesmo tempo, há uma crescente presença de empresas brasileiras nos países vizinhos e o fluxo de comércio entre eles também cresce. Tão marcante quanto essas duas características, é a ausência de uma estratégia mais clara e ambiciosa do Brasil com relação ao seu entorno geográfico imediato. 


Roberto Russell e Juan Gabriel Tokatlian 

Percepções diferentes entre as elites argentinas sobre a relação Brasil-Argentina e o papel de ambos os países na América Latina são o tema do artigo. Quatro aspectos são levados especialmente em conta: a) a relevância atribuída ao vínculo com o Brasil pelos governos e as elites argentinas; b) a forma pela qual estes mesmos atores percebem a ascensão e o papel do Brasil no plano regional e global; c) as visões existentes sobre a crescente presença de empresas brasileiras na Argentina; e d) as percepções sobre o impacto que exercem na relação bilateral fatores hemisféricos ou regionais – por exemplo, a diminuição da presença dos Estados Unidos na América do Sul ou o protagonismo da Venezuela – e fatores globais, como por exemplo, o processo de redistribuição do poder internacional e o crescimento da demanda de commodities por parte da China e outros países da Ásia. 


Ricardo Gamboa Valenzuela 

O artigo discute a posição das elites chilenas sobre possíveis estratégias de seu país em relação ao novo papel do Brasil na arena internacional e, em particular, na América Latina. Existe no Chile um consenso no que se refere à necessidade de o país continuar a sua política de regionalismo aberto desenvolvido desde a década de 1990. Portanto, pode-se esperar que o Chile não mude a curto prazo sua estratégia internacional e não adote uma posição que leve a um ”acoplamento” incondicional com o Brasil em seu novo (pretendido) papel de líder regional. Isso não significa, no entanto, que o Chile se distanciará do Brasil, mas que desejará ter relações estreitas com o país, sempre defendendo a sua própria autonomia.